quinta-feira, 23 de abril de 2020

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Reflexões de economia em época de COVID-19

A pandemia impôs uma nova dinâmica em nossas vidas tanto em decorrência do isolamento social como da diminuição/restrições das atividades econômicas em âmbito mundial.  Isto transformou a nossa relação com o dinheiro e impacta diretamente a nossa sobrevivência, pois é o preço que pagamos por ter um mundo essencialmente capitalista - neoliberal.

Não há duvidas que esse novo mundo representa um grande desafio global, e de uma forma nunca antes visto na história recente, em especial para as  gerações "X", "Y" e "Z", na forma como criamos, gastamos e investimos o nosso árduo salário, se você que está lendo tem a sorte de estar empregado ou tendo lucro se empresário.
 
Com certeza a pandemia aumentou ainda mais o abismo entre classes, grupos e nações.

Por mais que eu pesquise o assunto, no momento a única certeza é que a caminhada será dura e imprevisível.  Não fui capaz de encontrar uma receita do tipo: "one-size-fits-all".  Realmente aqui também podemos afirmar que as receitas que funcionaram no passado, provavelmente, não vão mais garantir sucesso no futuro.  E mesmo com tantas incertezas, continuaremos a ser bombardeados com as tentações consumistas da mídia, mas agora com consequências imediatas e devastadoras para nosso futuro - portanto, cuidado redobrado com as tentações.  Certamente o nosso sustento (ou diria sobrevivência digna) dependerá tanto das nossas escolhas diárias como da nossa postura empreendedora, que teremos de desenvolver.  Isto sem mencionar que no lugar de empregos formais e seguros do passado, ou ainda de uma vaga em serviços públicos previsíveis, ou para uns poucos sortudos, gratuidade de uma heranças polpuda, nada disto será mais garantia, pois as nossa economias serão rapidamente consumidas com juros negativos, inflação e aperto fiscal cada vez mais inevitáveis.  
 
Mais do que nunca, teremos de lançar mão de nossas habilidades e competências.  Ter vantagens intangíveis, rapidez para se adaptar diante de um mundo cada vez mais automatizado é fundamental. Teremos de ter muita responsabilidade com nosso planejamento, nos mínimos detalhes.  Ser capaz de "renunciar" de hábitos consumistas é crucial, em especial neste momento de reorganização econômica global - diante da devastação causada pela pandemia global - e seus impactos de curto, médio e longo prazo.  
 
É meus caros leitores, não tem para onde correr!  Estamos todos no mesmo barco, quase à deriva, mas nossa salvação é que contamos com a graça e proteção da Divina Providência.  E é justamente este espirito criativo e incansável da humanidade, sempre que confrontado com grandes desafios, é que será nossa bússola para a busca de novas oportunidades e uma saída segura para este nevoeiro.

"Vamos estudar e enfrentar os desafios porque uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida." - Sócrates

Ao fechar os olhos para a nova realidade corremos o risco de impactar nosso padrão de vida e prejudicar o futuro de nossos familiares e do coletivo.  Todo cuidado é pouco.  Estude mais, avalie com cuidado todas as situações e identifique alternativas viáveis antes de usar seus recursos que são "limitados", sejam eles financeiros ou seu "tempo" de vida.   Mas o nosso alvo é a busca por qualidade de vida, e de todos os nosso recursos, seguramente, a nossa vida é o mais precioso, pois é limitado e imprevisível - viva então diariamente com sabedoria.  Um dia de cada vez, e sempre de olho no amanhã.

"carpe diem" - Quintus Horatius Flaccus

Procure sempre se perguntar, antes da decisão de consumo: será que realmente preciso?  Consigo substituir pelo que já tenho?  Consigo ficar sem isto?  O que vou perder?  O que vou ganhar?  Pois, como diz o ditado popular, "o prazer do agora, se precipitado, pode arruína o amanhã".
 
"Não é bom proceder sem refletir, e peca quem é precipitado." -  Provérbios 19:2

A palavra precipitação vem de "precipício": abismo, perdição, ruína.  As suas decisões pessoais, profissionais e financeiras (e de consumo),  irão gerar consequências,  sejam elas boas ou ruins - lei da ação e reação da física clássica.  
 
Muitas decisões equivocadas podem tirá-lo do "jogo" econômico, ou seja, não terá suficiente para investir e cessará a geração de renda, destruindo sua qualidade de vida.  No entanto, se tiver o cuidado de buscar sempre as melhores decisões financeiras, mesmo sendo impossível acertar sempre, isto irá mantê-lo ativo no mercado para aproveitar as oportunidades que lhe será apresentado nos ciclos econômicos de fartura -  durante a inevitável recuperação mundial.  A dúvida, no entanto, é saber "quando" esta recuperação irá acontecer.  Para falar nisto, ninguém sabe responder esta questão, por isto que devemos ter uma mente disciplinada e procurar diversificar nossos investimentos sempre de olho nos inevitáveis "cisnes negros" (ou pandemias, mais recentemente).  A Teoria do "Cisne Negro" foi concebida por Nassim Nicholas Taleb para explicar um acontecimento de impacto desproporcionado ou um evento raro, que pode mudar o rumo da sua vida severamente.
 
Qual o momento certo, e o ramo certo para estar ou para investir são justamente as respostas que todos nós estamos buscamos.  Eu pessoalmente acredito que diante de tantas incertezas temos de dividir os esforços/investimentos para, na média, proteger o todo.

"divide et impera" - Gaius Iulius Caesar ( 44 a.C )

Para aqueles, os que vêm de famílias mais abastadas, a pressão sócio familiar, muitas vezes se transforma em um pesado fardo, e justamente ao tentar sustentar uma situação irreal, ou sob pressão, é que podemos tomar decisões equivocadas.  Portanto, ser prudente, realista e austero nestes momentos de grandes restrições econômicas, certamente é a melhor estratégia.  O segredo aqui é saber abrir mão e ter coragem de cortar despesas que não são indispensáveis, o que é muito doloroso, principalmente quando o ego ou prestígio estão em jogo, e que caso sejam ignorados podem lhe conduzir rapidamente para a ruína financeira.  Prefiro ser um soldado vivo ao final da guerra que um herói morto.  Por outro lado o sucesso de qualquer iniciativa está nos pequenos detalhes assim como nas suas habilidades, competências, conhecimento, tranquilidade nas decisões no uso da lógica e razão.  Tenha ainda humildade e hábito virtuoso de perguntar, trocar ideias com o maior número possível de pessoas (e pontos de vista distintos), confrontando suas ideias e conceitos, isto é uma das formas de diminuir a incerteza e aumentar a assertividade.

"O homem sábio deve: saber perguntar, ter inteligência e discernimento. A imaginação é um dom notável, mas é muito mais notável aquele que sabe perguntar bem e entender o que é colocado. A inteligência deve ser aguçada, deve irradiar luz. Capacidade e grandeza se medem pela virtude e não pela sorte. O sábio estima todos, pois reconhece o que há de bom em cada um e sabe como custa chegar ao verdadeiro conhecimento."   Renato Ribeiro Velloso

O perigo nestes momentos de incertezas é justamente não saber separar necessidade de desejo (e status social).  Realmente a obsessão em manter seu "padrão", bancando gastos e despesas desnecessárias ou pior, contrair dívidas será fatal!  É neste instante que o "cartão de crédito" deve ser abolido ou usados com muita restrição e cautela.  O dinheiro de "plástico" pode ser sua ruína.  Cuidado!

Muitos bancos e financeiras que operam os cartões de crédito possuem um serviço de alerta e envio de mensagens por SMS para seu celular nas operações realizadas no seu cartão de crédito/débito.  Ative isto urgente.  Ao final do dia reveja suas operações e monte um planilha com as informações.  Abra seus olhos!  Planejar,  conferir  e ajustar rota sempre!

Procure sempre escrever, em local visível, seus gastos diários, semanal, mensal e anual e tenha, no mínimo um planejamento mensal. Coloque suas contas em local visível, fácil acesso por todos da família.  Ao confrontar suas despesas, visualmente, terá mais oportunidades para avaliar suas reais necessidades diante do seu alvo/objetivo.  Não feche os olhos para o furacão!  Enfrente os desafios diariamente e com muita reflexão, planejamento e cuidado.  Você está no comando, portanto, mantenha a rota para atingir seu alvo, com firmeza e tranquilidade, pois nosso objetivo é: melhorar a nossa qualidade de vida.

Avalie semanalmente sua situação financeira e rapidamente ajuste a rota.  Lembre-se, que suas conquistas até aqui lhe conferiu conquistas que agora devem ser preservadas ao máximo durante a tempestade ou modificadas com muita disciplina e atenção.  Será que precisa de tantas contas bancárias e cartões que vão gerar taxações desnecessárias e surpresas?  Será que precisa mesmo trocar seu celular, carro ou comprar um computador novo?  O que pode ser negociado para se conseguir uma melhor condição nos seus contratos/compromissos que geram custos fixos mensais imprescindíveis?  Será que precisamos fazer uma despesa agora?  Ou até mesmo pergunte-se se deve antecipar uma despesa para evitar um aumento inflacionário já previsível?  Negocie sempre seus compromissos de curto, médio e longo prazo, não tenha vergonha.  Agir é preciso!

Tenho um amigo que é engenheiro sanitarista, e ele sempre me falou: "avalie o peso de seu saco de lixo diário, pois isto pode indicar que seus hábitos ou escolhas de consumo podem estar equivocadas".
 
São justamente nestas horas de grandes incertezas que devemos observar as pequenas coisas, pois assim como de gota em gota uma nascente vira um rio, é nos pequenos desperdícios que iremos perder nosso suado patrimônio que construímos com tanto sacrifício e horas de trabalho longe daqueles que amamos.  Leia e acompanhe as notícias, atualize-se diariamente pois cada informação que colher pode ajudar a construir e otimizar sua próxima decisão.

Você que ainda é jovem, não se engane, no Brasil, as oportunidade de construir e gerar riqueza, em sua quase totalidade dos casos só ocorre até os 55 anos de idade, depois é "muito, mais muito mais difícil", pois o desemprego crônico dos jovem senhores(as) é um fator inexorável em nosso país e boa parte do mundo.  Mas não quero dizer com isto que estamos diante de uma situação impossível de superar, apenas digo que isto é um indicativo que quanto mais velhos, menores são as nossas chances, portanto, temos aqui mais um bom motivo para redobrar a vigilância e os cuidados com as nossas decisões de vida, financeiras e profissionais.

Eu sempre procurei economizar para o futuro incerto e ter uma poupança financeira e uma reserva de emergência.  É como diz o ditado popular: "plante agora para colher no futuro".  E poupança significa investimentos em instrumentos financeiros "mais seguros", notadamente no momento em que estou escrevendo este texto, significa: LCA, LCI (com restrições), Tesouro Direto, CDB (com restrições até o limite do FGC), e similares.  Note que "mais seguros" foi destacado pois não existe investimento sem risco, mas existem os que são menos seguros e os que são mais seguros, quero com isto apenas afirmar que devemos tentar sempre buscar formas de melhor nossas chances de "acertar".  Lembra muito um conceito da mecânica quântica chamado o "princípio da incerteza", mas isto é outra história.

Por outro lado sempre usei a estratégia 80/20  ou seja, até 20% em ativos de médio ou maior risco (fundos multimercado, e mesmo fundos de ações em certos momentos mais previsíveis), e 80% nos papeis mais seguros como o da "poupança" que indiquei anteriormente.  Já perdi a conta do número de gerentes de banco que sempre me pressionaram para assumir uma posição mais arrojada e em momentos de euforia como os que aconteceram em 1999, 2008, 2014, 2020, etc., agora eles me dizem, "é você que estava certo".  Eu pessoalmente não acho que eu estava certo ou errado, eu apenas sigo a risca minha estratégia, da mesma forma que fui convencido a fazê-lo desta forma ao ler o livro do Max Gunther - Os Axiomas de Zurique.  Estabeleça a rota e mude o curso levemente ao longo do caminho mas mantenha a meta de forma rígida.  Não caia nas tentações de lucro fácil pois o "mercado" é uma ilusão fugaz.  Engana-se quem acredita que consegui prever os movimentos do mercado - isto é i-m-p-o-s-s-í-v-e-l, e quem lhe disser o contrário está mentindo ou quer enganá-lo, fuja deles!   Nota de rodapé: "poupe dinheiro para depois investir, e nunca se endividar para investir ou investir endividado, nunca!"

Sempre considerei, em minha condição de engenheiro, empreendedor e consultor, que as áreas de  investimento, com grande potencial de sucesso, são: de alimentos (agronegócios), farmacêutico, energia e saneamento pois elas geram muito fluxo de caixa independente de crise, pois afinal de contas temos de comer, cuidar da saúde, viver com nossos aparatos modernos e gerar resíduos. E por "viver" digo: usar o telefone, tomar banho, lavar roupa, estudar, deslocar, e todas as atividades que consomem energia nas suas diversas formas (idealmente elétrica e renovável).  Portanto, são áreas importantes para investir, trabalhar, desenvolver competências e empreender.

Considero ainda, complemente equivocado os autores e comentaristas da imprensa que insistem em dizer que "até a geração de nossos avós, aposentar-se significava sair de campo, e que hoje as coisas mudaram".  De qual país ou levantamento estatístico eles tiraram isto?!   Eu mesmo, após os 55 anos de idade, não consigo mais me recolocar no mercado de trabalho formal e todos os meus ex-colegas das diversas companhias que trabalhei, em suas maioria absoluta, também estão fora do mercado, subempregados ou estão empreendendo por conta própria, ou pior, estão quietinhos nos seus empregos para não chamar a atenção e "ganhar tempo" para aposentar.  Tenho a impressão que o governo quer passar uma "falsa" ideia para a população de que é fácil se recolocar no mercado de trabalho após os 50 anos de idade, e com isto justificar inclusive as restrições impostas na reforma da previdência social, reformas estas feitas de forma errada, mas isto é outra história. Nas palavras do jornalista Boris Casoy ele diria: "uma palhaçada vergonhosa", no entanto, concordo que a previdência como estava seria insustentável, no entanto, como todos sabem, não foi resolvido o mais importante, excluir os privilégios notórios de forma absoluta e necessária.  Portanto, a mudança não vai resolver os problemas, apenas adiou a bomba relógio para os nossos filhos.  Quem pagou esta conta, novamente, é o povo trabalhador que paga seus impostos e não tem privilégios, nem adicionais, nem estabilidade ou mega salários - o bravo povo Brasileiro!

Bem, podemos então concluir que estamos diante de diversos desafios mundiais inclusive com a efetiva substituição da mão de obra por máquinas e inteligência artificial, o que vai agravar ainda mais a recente crise mundial.  Torna-se urgente repensar a sociedade, inclusive a estrutura cidades x campo assim como o modelo econômico vigente capitalista: "selvagem" e consumista;  e seus impactos no meio ambiente.  Portanto, muitas das profissões que existem hoje irão simplesmente deixar de existir.  E acreditar que uma casta social mais abonada vai se interessar em manter o poder de compra de uma massa desempregada e excluída é uma mentira descabida.  Robôs fazem melhor e mais rápido boa parte de nossas atividades (ou farão) que geram renda, no entanto, pergunto: quem vai comprar se todos estarão desempregados e sem renda ? 
 
São Justamente esses paradoxos que escuto muito do otimistas que "o poder criativo e a capacidade de superação da humanidade são ilimitados" e irão encontra o novo caminho.  No entanto, são poucas as iniciativas que alcançam o sucesso, diante de milhares de fracassos, portanto, o grande desafio da nossa sociedade é muito mais complexo do que se apresenta nas palavras dos políticos, pensadores e da mídia de massa.  Por sinal as mídias sociais (da Internet), nas suas particularidades caóticas, atrapalham mais do que ajudam a humanidade, inclusive diante de tantas "fakes", como pelos doutores de coisa nenhuma dando palpites, de forma aleatória e sem objetividade (com interesses nada nobres).
 
Se eu puder dar uma sugestão, uma boa recomendação seria: não acredite tanto em mensagens de twitter, whatsapp e similares, pois em sua quase totalidade não possuem nenhum fundamento científico, apenas opiniões tendenciosas e pichações ou estão sendo pagos para alcançar algum objetivo de grupos nefastos - ou como eu aqui apenas fazendo um resumo "em voz alta" de minhas conclusões após percorrer muitas páginas, vídeos intermináveis e debates com amigos.

Finalizo com o conselho de um professor que tive: "tenha sempre uma meta", estude tudo que puder, e tenha fé em Deus, esperança no amanhã, prudência e compaixão pelo próximo, ou como diria Walt Disney:

"Não deixe que seus medos tomem o lugar dos seus sonhos."

Vida longa e prosperidade a todos.